domingo, 3 de julho de 2011

Amei muito. Muitos homens. Morenos, loiros, ruivos e negros. Altos, baixos, magros, gordos e atléticos. Amei desde os mais estúpidos, que brigavam com o português, até doutores renomados. Amei jovens com o calor de seus 20 e tantos anos, seus olhinhos brilhando a beleza da pouca idade. Amei homens maduros, com cabelos grizalhos, vincos na testa e filhos criados. Amei os certos. Amei tantos outros errados. Amei os confiantes, os princípes, os cavalheiros. Amei os chorosos, os que tinham medo e que precisavam de colo. Amei homens de pulso firme, voz grossa e pegada forte em meus cabelos, sempre enrolados em seus dedos. Amei os delicados, com voz soprana ao pé do ouvido e mãos leves em minha cintura. Amei os roqueiros, fãs dos Beatles. Amei os sambistas malandros da Lapa. Amei perdidamente todos eles. Não me corrija dizendo que apenas me apaixonei. Por favor, deixe que eu os ame. Deixe-me deslumbrar, por apenas um dia que seja, com cada homem que cruzar o meu caminho e me arrancar um olhar, um suspiro, uma lágrima. Deixe que eu seja a mulher que eles desejam que eu seja. Permita-me ser para cada um deles a mulher ideal, como só eu sei ser. Como cada mulher já nasce sabendo como ser. Porque nós amamos. Por uma vida inteira, um ano, uma semana ou até mesmo por uma noite. 
Talvez eu seja insensata ao dizer que amei a todos. Na verdade nem sei se os conheci. Pode ser que tenha conhecido dois ou três que reunissem todas essas características. Ou não. Conheci a todos mesmo. Conheci quando tomava café na padaria, ou quando comprava jornal distraída numa banca. Ou quando me fingia invisível. Ou quando brilhava com meus lábios vermelhos sob a luz do luar, sentada com uma amiga num restaurante. Ou apenas nos meus sonhos.
Por favor, deixe-me amar. Por que é isso que melhor faço. Deixe-me caminhar com meu charme avassalador, assim como todas as outras mulheres que nasceram com esse mesmo objetivo: esbanjar amor. Amar simplesmente, viver intensamente todos os outros sentimentos que o acompanha. Deixe-me amar. Deixe-nos amar, ao menos uma vez. Porque somos tolas, somos burras e masoquistas. Mas acreditamos que podemos ser felizes mesmo que por pouco tempo.Mas somente através do amor.